quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Educação e Ética

Durante o curso universitário, estudantes e professores procuram desmistificar o fato de que o cidadão é tão e somente retrato daquilo que ele desenvolveu e construiu em termos de saber. Não se trata aqui do saber sistematizado das salas de aula, mas daquele saber ser humano.

Ética é assunto filosófico que merece mais do que nunca uma avaliação mais cuidadosa por parte dos que se encontram em condições de freqüentar os cursos universitários.

A cada dia que passa, aqueles que tiram a carapuça do pseudo saber se livrando de sua posição social e do seu douto, e analisaram friamente aquilo que fez para levar a ética do ensino para seus alunos, verá que pouco ou quase nada ele fez. Conclusão amarga!

Ainda mais ele, o professor, que está "revestido" do saber sistematizado recebido nas muitas escolas, cursos e aulas que freqüentou durante 18, 20, 25 anos ou mais de sua vida e onde muito se falou e discutiu sobre o assunto, mas ele não conseguiu trabalhar com os valores mais básicos a respeito do saber que desenvolveu e do conhecimento que apregoou em sua longa jornada de estudos.

"Pobre" destes alunos, que se não viram como a ética se mostra para nós enquanto seres sociais, estarão fadados a cometerem erros infantis sobre o exercício de sua futura profissão.

Não sejamos hipócritas em falar de um assunto por falar, de discutir somente para polemizar e gerar auto-promoção, sejamos sim verdadeiros educadores, que comprometidos de fato com a causa do ensino em nosso país e no resto do mundo, possamos tirar esta máscara de pseudo ética que reveste nossa profissão e passemos a fazer a revolução silenciosa do ensino, onde o futuro que nós teremos e deixaremos de legado para nossos descendentes, seja formado de cidadãos cientes de suas obrigações, comprometidos com o próximo e construtor da paz e da vida em paz.

O que termina por nos perturbar a mente é o falar por falar, o que nos turva o pensamento é o lixo cultural que invade nossos lares sem pedir licença, é o bombardeio da mídia sobre nosso comportamento e sobre nosso modo de vida em família e em sociedade. Você já pensou quem educa o nosso jovem de hoje? É a televisão.

Acredite caro professor, que se esta consciência estivesse sendo ensinada há 30 anos, hoje o panorama cultural de nossa Nação seria diferente.

Tudo o que se disseminou dos anos 60 para cá foi uma cultura consumista onde ao povo que trabalha, resta o gueto como diversão, a novela das oito como consolo.

Este país lindo e pacífico chamado Brasil possui um povo com a capacidade de sonhar com um amanhã melhor, mas infelizmente ele espera que isto ocorra por milagre. Creiam, este milagre pode ser operado sim, mas nós devemos fazer a nossa parte, trabalhando a cultura de nossos jovens para que os preceitos éticos sejam despojados de falso moralismo, de correlação de poder e de indústria da miséria, mas que sobretudo, possa fazer com nossos jovens uma transformação.

Todos os meios que estiverem ao nossa alcance para dar início a esta revolução cultural devem ser postos em prática.

Devemos nos unir, devemos pensar que uma Nação sóbria não se constrói apenas de mártires e muito menos de grandiosidade ideológica apenas, constrói-se sim de homens e mulheres ricos em saber, em conhecimento, em moral, em ética, em respeito ao próximo, em bondade e solidariedade e que sobretudo repudiem toda e qualquer forma de violência.

Não queiramos contudo buscar ideais que já foram falados, escritos e estudados e que até hoje influenciam a vida do estudante. Não queiramos também esquecer das experiências amargas já vividas pelos grandes pensadores para que comprovassem suas descobertas. Devemos encontrar o nosso equilíbrio com autenticidade, nossa verdadeira realidade em relação a este mundo globalizado que a cada dia nos empurra mais e mais para uma conseqüência nefasta e desconhecida.

Não podemos deixar que o nosso labor do ensino, da formação escolar e do conhecimento da sociedade, sejam jogados na lata de lixo. Nós brasileiros, somos um povo ímpar, pacífico e bom por natureza. Apenas estamos nos deixando influenciar por uma cultura que não é a nossa e não reflete nossa realidade.

Um país onde 95% da riqueza está concentrado nas mãos de 5% não pode ser considerado um país equilibrado. Culpa de quem? Não importa descobrir ou falar de quem é a culpa, importa sim mudar este cenário, e isto só é possível pela educação e pela cultura daqueles que governarão o país daqui a 100 anos. Nós vivemos na idade da pedra social e estamos pagando o preço disto.

Nenhuma ação agora poderá transformar do dia para a noite o que foi sedimentado ao longo de centenas de anos de cultura importada.

Não trata-se aqui de bairrismo não; nossa cultura étnica é rica justamente pela grande quantidade de imigrantes estrangeiros que aqui se erradicaram e ajudaram a construir este país maravilhoso; trata-se aqui de começar agora a adotar o Brasil como um país que é nosso e que terá o seu futuro definido por nós.

Através do ensino e da ética formaremos o jovem que ajudará a formar daqui a 10 anos ou menos novos jovens dentro de uma nova égide de ensino e de moral.

Ignorante? Também, com toda a certeza, pois sabido é que a sabedoria do homem é muito bem delimitada e conhecida mas sua ignorância é infinita.

Nós somos a elite do saber. Nós temos em nossas mãos o futuro, porém só falar, falar, falar e falar não construirá o país que todos desejamos. Falar sim, mas falar certo, pensar sim, mas pensar certo. Erramos no passado, erramos no presente e continuaremos errando no futuro. Para mudar é preciso discutir, propor idéias, promover ações e levá-las a efeito. Aqui está tudo por se fazer.

Àqueles que reclamam que seus salários são baixos, só tenho a dizer que este fato é uma conseqüência do que se ensinou de valores (todos eles) aos governantes que hoje legislam seu provento.

Àqueles que reclamam da falta de condições de trabalho, só tenho a dizer que é uma conseqüência do que se ensinou de valores àqueles que administram os poucos recursos que são designados à sua escola.

Àqueles que reclamam da escola depredada e destruída, só tenho a dizer que é conseqüência dos valores que foram ensinados aos alunos que lá estudam no que diz respeito a preservação daquilo que é de todos.

Àqueles que reclamam da situação, só tenho a dizer que ela é conseqüência de sua própria falta de empenho em promover uma mudança em sua própria estrutura, pois se você sabe que furar o dedo dói, então porque continua furando?

Não há mais reserva técnica, devemos entender que todo conhecimento que precisamos para transformar esta Nação está à nossa disposição. Como educadores nós sabemos quais são as fontes a serem pesquisadas, sabemos sistematizar este conhecimento para que ele seja aplicado à realidade que vivemos. Falta apenas a coragem para iniciar o processo, colocando literalmente a cara para bater, se expondo, pois só desta maneira poderemos ser contestados e poderemos contestar.

Precisamos tentar, descobrir e redescobrir. O convívio feliz em sociedade que tanto almejamos onde possamos gozar plenamente de nossa cidadania está ao nosso alcance, e ninguém fará isto por nós, somos nós que temos de fazer isto pelo nosso próprio empenho e precisamos acreditar nisto e em nós mesmos.

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