sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Esqui

Na Noruega, o esqui foi uma consequência natural da topografia montanhosa do país e dos fortes nevões de Inverno. O esqui moderno teve as suas origens no município de Telemark no último século, mas uma antiga gravação na pedra, em Rødøy, no município de Nordland, mostra que os noruegueses usam esquis desde há 4000 anos. Os poemas épicos da mitologia escandinava referem-se frequentemente a Ull, o deus do esqui, e a Skade, a deusa do esqui e da caça. O islandês Snorre Sturlason (1179-1241) confirmou nas suas sagas sobre os reis noruegueses que os esquis eram um meio de locomoção normal no Inverno, muito antes do seu tempo. Relata também que os Sámi eram hábeis esquiadores.

Foram os habitantes do município de Telemark, no sul da Noruega, liderados por Sondre Norheim, que, nas décadas de setenta e oitenta do século XIX, reavivaram o interesse pelo esqui enquanto desporto. Sondre Norheim, nascido no vale de Morgedal em 1825, pôs fim a 4000 anos de tradição ao usar ataduras de esqui duras. Estes permitiram-lhe virar e saltar sem o risco de os esquis cairem. Projectou também um esqui largo, o esqui Telemark, que é actualmente o protótipo de todos os esquis produzidos. Sondre Norheim era considerado pelos seus contemporâneos como um mestre inigualável na arte de esquiar. Combinava o esqui normal com saltos e slalom. Durante a primeira corrida nacional de esqui de fundo, que teve lugar em Cristiânia (a actual Oslo), em 1867, a sua arte pasmou os habitantes da capital norueguesa.

Muito poucas pessoas sabem que a palavra slalom, hoje em dia um vocábulo internacional, é uma palavra norueguesa com origem em Morgedal. A sua primeira sílaba, sla, significa declive, colina ou superfície lisa, e låm é a pista ao longo do declive. O slalåm normal era uma corrida de esqui de fundo que tinha lugar através de campos, colinas e muros de pedra, abrindo caminho entre as moitas. Na nossa era, este velho desporto com origem em Telemark atingiu o seu renascimento tanto como desporto competitivo, como enquanto uma popular actividade dos tempos livres entre um número crescente de entusiastas na Europa e também nos E.U.A.

Os exploradores polares da Noruega fizeram uma contribuição significativa para o amor-próprio e orgulho nacional no desporto. Em A Primeira Travessia da Gronelândia, Fridtjof Nansen escreveu sobre o seu amor pelo esqui, que ele considerava o mais tipicamente norueguês de todos os desportos. Se algum desporto merece o apelido de “o desporto entre os desportos”, então deve realmente ser este, afirmou ele em 1888, após ter atravessado sobre esquis, de uma ponta à outra, a calota polar da Gronelândia. Alguns anos mais tarde, Nansen fixou a sua atenção no Pólo Norte, mas nunca o conseguiu atingir. Um frio insuportável e condições difíceis no gelo forçaram-no a ele e ao seu companheiro, Hjalmar Johansen, a voltar para trás. Juntos passaram mais de um ano a esquiar através de um vazio gelado, totalmente isolados do resto do mundo.

Outra viagem ousada foi a expedição de Roald Amundsen ao Pólo Sul entre 1910 e 1912. Juntamente com quatro outros noruegueses, Amundsen içou a bandeira do país no Pólo Sul em 1911, enquanto primeiro homem a atingir aquele local. Os cinco homens cobriram uma distância de cerca de 3000 quilómetros sobre esquis. Muito do equipamento que Nansen e Amundsen usaram nas suas viagens polares foi preservado para a posteridade e pode ser visto actualmente no museu que abriga o navio polar Fram, bem como no Museu do Esqui, ambos situados em Oslo.

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