sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Revolta dos Farrapos

Revolta dos Farrapos

Maior rebelião ocorrida no Brasil durante a Regência. Começa em 1835 no Rio Grande do Sul, estende-se até Santa Catarina e termina em 1845. Conhecidos como farrapos, os liberais exaltados, partidários do regime federativo e republicano, insurgem-se contra o governo central e defendem maior autonomia para as províncias. No Rio Grande do Sul, eles são os emissários das queixas da elite estancieira contra os altos impostos cobrados sobre o charque, o couro e o trigo - produtos básicos da economia local. São também porta-vozes dos ressentimentos da sociedade gaúcha, que se sente abandonada pelo Império na turbulenta região da fronteira sul do país.

Ofensiva farroupilha - Em 21 de setembro de 1835, o deputado federalista e coronel das milícias Bento Gonçalves da Silva entra em Porto Alegre e destitui o presidente da província, Antônio Fernandes Braga. Com a ajuda popular, neutraliza as primeiras reações legalistas. Porto Alegre é retomada pelas forças imperiais, mas os revoltosos ampliam o controle sobre as áreas ao longo da lagoa dos Patos e na Campanha Gaúcha. Após a vitória das tropas comandadas por Souza Neto nos campos do Seival, entre Pelotas e Bagé, os rebeldes proclamam a República Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836. A cidade de Piratini, no interior da província, vira a capital revolucionária.

República Juliana - No mês seguinte, quando se prepara para atacar Porto Alegre, Bento Gonçalves é derrotado na travessia do rio Jacuí. Condenado, é enviado para a prisão, na Bahia. Mesmo sem o chefe principal, a rebelião extravasa os limites gaúchos e ocupa a cidade de Lages, importante entreposto comercial de Santa Catarina. Ajudado pelos liberais baianos, Bento Gonçalves foge da cadeia em abril de 1837 e volta a sua província. Entre 1838 e 1839, o movimento fortalece-se. Por precaução, os revoltosos mudam a capital para Caçapava, no interior da Campanha. Com a participação do italiano Giuseppe Garibaldi, uma expedição é enviada para tomar Laguna, no litoral de Santa Catarina, onde é proclamada a República Juliana.

Contra-ofensiva imperial - Com mais homens e armas, as forças do governo avançam contra os rebeldes. Em 1840, a capital dos insurretos é transferida para Alegrete, no extremo oeste gaúcho, para escapar do cerco inimigo. Em 1842 chega ao Rio Grande o novo presidente e comandante de armas da província, Luís Alves de Lima e Silva, barão de Caxias. Com rápidas medidas político-administrativas e militares, Caxias revigora as tropas legalistas e abre caminho para negociações com os insurretos. Após sucessivas derrotas e com suas lideranças em crescente desentendimento, os revoltosos aceitam a paz em 28 de fevereiro de 1845.

Bento Gonçalves

Militar e revolucionário gaúcho. Principal dirigente da Revolta dos Farrapos, movimento liberal e federativo que proclama a República no Rio Grande do Sul.
Bento Gonçalves da Silva (23/9/1788 - 18/7/1847) nasce em Triunfo, filho de um rico estancieiro. Participa da guerra contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (1825-1828), sendo recompensado por dom Pedro I com o posto de coronel das milícias e comandante da fronteira sul do país. Sua destituição desse cargo, durante a regência do Padre Diogo Feijó, é o estopim da Revolução Farroupilha, em 1835. Bento Gonçalves entra em Porto Alegre e derruba o presidente da província, Antônio Fernandes Braga. Com o apoio da população, resiste às primeiras reações legalistas. No mês seguinte enfrenta as tropas regenciais, é derrotado e preso. Mandado para a Bahia, é encarcerado no Forte do Mar. Durante sua prisão, os farroupilhas proclamam a República Rio-Grandense, em 11 de setembro de 1836. No ano seguinte, com a ajuda de liberais baianos, Bento Gonçalves foge do cárcere e volta para o Rio Grande do Sul. É aclamado presidente da República Rio-Grandense, posto no qual se mantém até a derrota final dos revoltosos, em fevereiro de 1845.

Giuseppe Garibaldi

Político italiano (4/7/1807-2/6/1882). Nasce em Nice, na época pertencente à Itália, em uma família de pescadores. Começa trabalhando como marinheiro e, entre 1833 e 1834, serve na Marinha do rei do Piemonte. Ali, sofre influências de Giuseppe Mazzini, líder do Risorgimento, movimento nacionalista de unificação da Itália, na época dividida em vários Estados absolutistas. Em 1834 lidera uma conspiração em Gênova, com o apoio de Mazzini. Derrotado, é obrigado a exilar-se, fugindo para o Rio de Janeiro e, em 1836, para o Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas na Revolta dos Farrapos e se torna mestre em guerrilha.Três anos depois, vai para Santa Catarina auxiliar os farroupilhas a conquistar Laguna. Lá conhece Ana Maria Ribeiro da Silva, conhecida como Anita Garibaldi, que deixa o marido para segui-lo. Em 1841 é convidado a dirigir a Marinha do Uruguai. Defende o país contra Manuel Oribe – ex-presidente da República que luta pelo poder – e, depois, contra o ditador argentino Juan Manuel Rosas, que invade o Uruguai em 1842. Volta à Europa em 1854 e luta pela unificação italiana, liderando um exército de voluntários, os "camisas vermelhas". Parte com seus homens de Gênova, no norte, e chega à Sicília em 1860, conquistando-a para o Piemonte. Em 1874 é eleito deputado e recebe uma pensão vitalícia pelos serviços prestados à nação. Morre em Capri.

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