quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Terceirização e Reengenharia

No Brasil vivenciamos constantes modismos. Agora vivemos a epidemia da terceirização e da reengenharia... Você terceiriza e tudo se resolve. Você altera os processos, através de uma filosofia de reengenharia, e sua empresa passa a ter lucros com eficiência!



Não questiono estes objetivos, estas metodologias, mas elas apenas criam novos nomes de atitudes organizacionais existentes há muitos e muitos anos. O que é um prestador de serviços? Há quanto tempo o conhecemos em inúmeras áreas de atividades? Quem utilizou um dia um prestador de serviços, "terceirizou" uma atividade em sua empresa. Agora, esta denominação surge como a grande solução para as empresas, principalmente aquelas em crise financeira.

Agora vivemos a epidemia

da terceirização e da reengenharia...

Reengenharia? O que sempre foi um processo de racionalização administrativa e organizacional? Os cortes hierárquicos (elimina-se a estrutura vertical), a delegação com real autonomia, a eliminação das filosofias voltadas à empresa e não a "subempresas" isoladas na própria organização. Estes sempre foram os alvos de um trabalho de reorganização decente, profissional, apoiado por uma área de recursos humanos eficaz.

Falo com muita tranqüilidade sobre estes aspectos, pois os vivencio há anos. Mas, tudo bem! Vamos adotar nesse momento a "terceirização" e a "reengenharia" como as novas soluções milagrosas.

Voltamos então a uma bandeira que sempre defendi. E a cúpula da empresa? O que se faz com ela? Terceirizamos também? Ou a isolamos em uma redoma para a lavagem cerebral da reengenharia?

E a imagem da empresa e seus produtos e serviços? Como estão no mercado? O que adiantará terceirizar processos e serviços e adotar a reengenharia internamente, se a empresa está desgastada junto ao seu público cliente?

E a cúpula da empresa?
O que fazer com ela?
Terceirizamos também?
Ou a isolamos em uma redoma
para a lavagem cerebral da reengenharia?

Há um primeiro trabalho junto à alta dministração sem o qual nada deve ser iniciado: a conscientização de um modernismo cultural e profissional que envolve mudanças de atitudes muitas vezes radicais e irreversíveis. Como vamos chamar isso? "Reconscientização do papel do líder empresarial"? Parece muito extenso, mas é por aí.

E onde está esta preocupação dos senhores consultores internacionais neste sentido, olhando para a cultura brasileira? Paralelamente a tudo isso, a imagem da empresa e seus produtos e serviços também devem ser alvos de uma reengenharia de propaganda e marketing. Ah! Agora sim eu começo a vislumbrar sucesso na terceirização e na reengenharia organizacional.

Portanto, vamos por os pés no chão. O que é necessário fazer, antes de mais nada, no que se refere à alta administração? Aqui seguem algumas sugestões.

* Reavaliar posturas centralizadoras, retrógradas, monopolizadoras.

* Identificar em cada líder empresarial seu nível de atualização profissional, cultural e visão global de mercado e adotar soluções que o coloque "up to date" junto aos seus pares interna e externamente.

* Avaliar realmente o que deve ser terceirizado através de uma análise criteriosa de custos, oportunidades. Incluir nesta análise a procura por talentos obscurecidos ou não descobertos no quadro da organização.

* Questionar a alta administração quanto a sua predisposição real e sincera para a receptividade aos itens acima; caso contrário, tudo não passará de um "teatro" que pode levar a empresa a um caos, pois o descrédito tomará conta de cada colaborador, de cada cliente, de cada fornecedor.

E quanto aos produtos, serviços e imagem da empresa? Alguns caminhos:

* Elaborar pesquisa (com empresas profissionais nesta área ) a fim de que se avalie como andam estes aspectos junto ao público consumidor e ao mercado em geral.

* Adotar procedimentos modernos de produção, revendo parque de equipamentos, produtividade, planos de incentivo na área de produção que melhoram a qualidade dos produtos e serviços.

* Eleger uma agência de propaganda ou um profissional da área (e aí já terceirizando) para que uma nova imagem, voltada à competência, anos de existência, modernidade, qualidade, possam ser assimiladas pelo consumidor final.

Dá para entender agora por que não basta apenas terceirizar ou "reengenhariar"?

Aí está um mix de atitudes que, com certeza, vão exigir um fôlego financeiro pois todos eles representarão investimentos com profissionais experientes. Mas, empresários, antes de mais nada, olhem-se no espelho e certifiquem-se de que estão dispostos a mudar culturas enraizadas.

Modernizar é também --e principalmente-- crescer culturalmente e possuir um "peito aberto" a descentralizações competentes. A partir dessa aceitação é que a terceirização e a reengenharia organizacional poderão produzir os efeitos esperados.

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