quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lua

A Lua cheia, bem alta no horizonte, branca e luminosa contra o céu escuro da noite, é uma incitação à fantasia: há quem veja ali São Jorge e o dragão, rostos humanos e até animais. Mas tudo desaparece ao olhar mais curioso, auxiliado por um binóculo: as imagens cedem lugar às manchas escuras, alternadas com manchas mais claras. Com o auxílio da técnica, termina a ilusão e começa a observação.

As manchas escuras têm um aspecto arredondado, as mais claras uma forma irregular, mas com um instrumento de pouco alcance, como o binóculo, não é possível conhecer maiores detalhes. Se, porém, a Lua for observada com um telescópio astronômico durante uma semana, entre o terceiro e o décimo dia da Lua nova, por exemplo, sua superfície se mostrará coberta por um relevo bem pronunciando, com montes e vales, planícies e planaltos. Essas formações do solo lunar assemelham-se apenas em parte às do solo terrestre, fato que sempre provoca a curiosidade, uma vez que a comparação entre as duas topografias surge espontânea.

A proximidade facilita

Nosso satélite natural dista da Terra, em média, "apenas" 384 000 quilômetros. Apenas, porque é uma das menores distâncias astronômicas, isto é, das distâncias tão pequena, em sentido absoluto, que é perfeitamente possível compará-la com padrões terrestres: menos de 10 voltas em torno da Terra.

A essa distância, a Lua aparece como um corpo celeste de grandes dimensões e mesmo um modesto telescópio, assestado contra ela, mostra certas paisagens com a mesma clareza que se pode encontrar observando de um satélite artificial as montanhas da Terra.

A Terra e a Lua estão separadas pelo espaço vazio e a superfície da Lua não é jamais coberta por nuvens, porque não possui atmosfera. Basta que o céu da Terra esteja límpido, para que a paisagem lunar apareça bastante nítida.

Observando a Lua com uma luneta de pequeno aumento (sessenta vezes), é possível ver seu globo do tamanho de um círculo de 13 cm de diâmetro, situado a 25 cm de distância; um aparelho mais poderoso de trezentas vezes de aumento, mostrará a Lua como um disco de 75 cm de diâmetro, ainda situado à distancia de 25 cm.

Do telescópio à nau espacial

Galileu, com sua luneta, que lhe permitia ver detalhes seis vezes mais minuciosos que os percebidos a olho nu, desenhou os primeiros mapas da Lua; mais tarde, a cartografia lunar desenvolveu-se bastante e hoje modernos mapas da superfície lunar têm detalhes expressos em até centenas de metros. Para estudar o relevo lunar, porém, não há método melhor que o oferecido pela análise de suas fotografias.

Convém notar que, embora nítidas, as fotografias são sempre um pouco mais imprecisas que a visão direta oferecida pelo mesmo telescópio usado para tirá-las. A observação direta permite notar detalhes cerca de três vezes menores que os fotografados. Isto equivale a dizer que, através de um telescópio de 20 cm de diâmetro, é possível observar particularidades do solo lunar que só poderiam ser fotografadas através de um telescópio com diâmetro de 60 cm.

O expediente de aumentar os diâmetros dos telescópios para obter imagens melhores, entretanto, não tem efeitos práticos a partir de uma certa grandeza: quando o diâmetro do telescópio supera meio metro, a turbulência da atmosfera terrestre passa a impedir a visão de detalhes ainda menores na proporção do maior alcance do aparelho. Dessa forma, com um telescópio de 30 cm de diâmetro, dotado de ótica perfeita, é possível observar quase tudo que foi fotografado da Terra, antes dos lançamentos espaciais. Hoje, inicialmente com o auxílio de aparelhos montados em engenhos lançados com o fim exclusivo de explorar a Lua e, depois, com a chegada de astronautas nas suas proximidades (15 km da superfície lunar), os estudiosos possuem fotografias muito nítidas e precisas.

As aparências enganam


O disco da Lua no horizonte — ainda que apareça maior que quando está, por exemplo, no zênite (ponto diretamente acima do observador) — é deformado por um fenômeno de refração. As bodas superiores e inferior são erguidas desigualmente acima do horizonte pela refração atmosférica, a inferior um pouco mais que a superior. Assim, o disco lunar pare elíptico (achatado) e menor do que quando já se ergue a alguns graus sobre o horizonte.

O fenômeno é comprovado fotograficamente: fotografias da Lua, desde que surge no horizonte até alcançar uma dezena de graus de altura, mostram que o disco passa aos poucos da forma elíptica para a circular, com diâmetro igual ao eixo maior da elipse.

A posição baixa no horizonte, da Lua ou de qualquer outro astro, ao contrário de favorecer a visibilidade telescópica, precisa atravessar, horizontalmente ou quase, a espessura da atmosfera. E, assim, é perturbada pela transparência reduzida ou pela turbulência das camadas inferiores do ar. Por esta razão, procura-se realizar a observação astronômica quando o astro está, pelo menos, a 40 graus acima do horizonte.



A luz cinérea



Quando está próxima a fase da Lua nova, Sol, Lua e Terra alinham-se nesta ordem e um observador que se encontrasse no satélite terrestre poderia olhar na direção do nosso planeta para vê-lo, então, iluminado em cheio pelos raios do Sol.

A Terra reflete cerca de cinqüenta vezes mais luz solar que a Lua cheia (a superfície do nosso planeta visível no céu da Lua é treze vezes superior à da Lua vista em nosso céu); além disso, a superfície terrestre (com as nuvens, os desertos, os mares) tem um poder refletor muito maior do que a lunar. Os dois efeitos, combinados, fazem com que a "Terra cheia" envie à Lua uma luminosidade bem maior que aquela que recebemos dela no plenilúnio. Embora iluminado apenas por essa luz, muito mais fraca que a do Sol, o disco de nosso satélite torna-se visível: em condições favoráveis, essa quantidade de luz é suficiente para mostrar a parte da Lua não iluminada pelo Sol. E, como essa parte iluminada pela luz terrestre assume um tom cinzento, tal claridade é denominada, luz cinérea.

Quanto maior for a camada de nuvens que envolve a Terra, maior será a quantidade de luz refletida para o nosso satélite. Daí, o interesse dos estudos relacionando a intensidade da luz cinérea com as condições meteorológicas terrestres

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